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Economista aponta desafios e oportunidades para a indústria de papel em 2025 3y1u57

Em palestra no Packaging Summit Brasil, Rafael Barišauskas analisou o cenário econômico e as tendências para o setor de papel para embalagens sustentáveis 6u1445

No dia 11 de fevereiro, durante a segunda edição do Packaging Summit Brasil, Rafael Barišauskas, economista pela Fastmarkets na América Latina e professor de economia na FECAP, apresentou a palestra intitulada “América Latina: Inovação e Sustentabilidade criando Vantagens Comparativas”. Com mais de uma década de experiência em projeções econômicas e análise de mercados de commodities na região, especialmente nos setores de papel e celulose, Barišauskas compartilhou insights valiosos sobre o cenário econômico atual e as perspectivas para a indústria de papel para embalagens.  5r2n4m

CENÁRIO ECONÔMICO ATUAL 

Rafael iniciou sua apresentação destacando o panorama econômico brasileiro para 2025. Segundo projeções recentes da Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda, o Produto Interno Bruto (PIB) do país deverá crescer 2,3% neste ano, impulsionado principalmente pelo setor agropecuário. Entretanto, a inflação está projetada para atingir 4,8%, acima da meta oficial de 3%. 

Apesar da inflação mais elevada, o mercado de trabalho brasileiro permanece robusto, com taxas de desemprego em níveis historicamente baixos. Essa combinação de baixo desemprego e crescimento econômico, especialmente nos setores de agronegócio e alimentos e bebidas, contribui para a estabilidade da economia nacional, conforme ressaltou o economista. 

IMPACTO DO CÂMBIO E EXPORTAÇÕES 

A taxa de câmbio elevada tem sido um fator determinante para as exportações brasileiras. Em 2024, o real sofreu uma desvalorização significativa, encerrando o ano com uma cotação de R$ 6,18 por dólar. Essa depreciação cambial, embora desafiadora em alguns aspectos, favorece as exportações, tornando os produtos brasileiros mais competitivos no mercado internacional. 

“No setor de embalagens, o kraftliner brasileiro destaca-se por suas vantagens logísticas e de custo. Dados indicam que as exportações de kraftliner somaram 396 mil toneladas, representando um aumento anual de 21,6% em relação a 2023”, discorreu Rafael. 

DESAFIOS E OPORTUNIDADES: SUSTENTABILIDADE E INOVAÇÃO 

Um dos principais desafios apontados por Barišauskas é a necessidade de educar os consumidores sobre a sustentabilidade das embalagens de papel. Muitos ainda associam o consumo de produtos de papel ao desmatamento, o que evidencia uma lacuna de percepção que precisa ser abordada. “Mais da metade dos consumidores acredita que consumir algo feito de papel equivale a contribuir para o desmatamento. É crucial educar o consumidor sobre as práticas sustentáveis da indústria de papel”, enfatizou o economista. 

Além da educação, a inovação desempenha um papel central na agregação de valor às embalagens. Investir em design diferenciado e experiências de unboxing pode justificar preços mais elevados e fidelizar o consumidor. “O consumidor só paga por aquilo que vê valor, e esse valor é subjetivo. A inovação pode vir de um design de embalagem atraente ou uma campanha de marketing eficaz”, destacou Barišauskas. 

PERSPECTIVAS PARA O SETOR DE EMBALAGENS NA AMÉRICA LATINA 

A estabilidade política prevista para o curto prazo na América Latina cria um ambiente favorável para o crescimento econômico e, consequentemente, para o setor de embalagens. Espera-se que a economia da região cresça 2,4% em 2025, impulsionada principalmente pelo consumo doméstico. Nesse contexto, o Brasil, com sua vantagem comparativa na produção de papéis para embalagem está bem posicionado para atender à crescente demanda regional. 

Entretanto, para capitalizar essas oportunidades, é fundamental que a indústria invista em práticas sustentáveis e inovações que atendam às expectativas dos consumidores modernos. A transição do plástico para o papel, por exemplo, depende não apenas de questões ambientais, mas também da percepção de valor por parte do consumidor. “A tecnologia para substituir o plástico pelo papel já existe. O desafio é agregar valor de forma que o consumidor esteja disposto a pagar por isso”, concluiu Barišauskas. 

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