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Setor de embalagens projeta novos reajustes em 2025 apesar de cenário econômico incerto 60441o

Klabin e Irani apontaram pressão de custos e demanda aquecida como justificativa para aumentos; especialistas veem limites para rees no curto prazo 1g2a11

Fabricantes de embalagens de papel e papelão ondulado, como Klabin e Irani, vêm promovendo aumentos nos preços desses produtos desde o segundo semestre de 2024 e sinalizam a continuidade dessa estratégia em 2025. A justificativa das empresas envolve dois principais fatores: crescimento da demanda e elevação nos custos de produção, especialmente com combustíveis e insumos recicláveis como as aparas de papel. 203r6u

Apesar do desempenho positivo registrado no último ano, há cautela no setor diante de possíveis pressões econômicas, tanto no mercado interno quanto no externo. A avaliação das companhias é que a manutenção dos reajustes dependerá do ritmo da demanda — que, até o momento, não apresentou sinais de retração.

Segundo dados da Associação Brasileira de Embalagens de Papel (Empapel), as expedições de papelão ondulado no Brasil aumentaram 4,9% em 2024, alcançando um novo recorde para o setor. O crescimento foi impulsionado, sobretudo, pelo consumo de bens não duráveis como alimentos, produtos de higiene, medicamentos e cosméticos.

Mesmo com esse avanço, a persistência da inflação e o patamar elevado da taxa de juros no país geram preocupações quanto ao comportamento do consumo nos próximos meses. No mercado externo, as incertezas relacionadas à política comercial dos Estados Unidos são apontadas como um risco adicional para as exportações brasileiras.

No que diz respeito aos custos, os preços das aparas de papel — principal matéria-prima na produção de papelão reciclado — subiram significativamente. Conforme informações divulgadas pela Irani na área de relações com investidores, o valor líquido da tonelada de aparas registrou alta de 73% no quarto trimestre de 2024, em comparação com o mesmo período de 2023, atingindo R$ 938.

Em resposta, a Irani vem aplicando reajustes desde julho do ano ado. Entre outubro e dezembro, os preços do papelão ondulado apresentaram alta de 5,5% em relação ao trimestre anterior. Ainda assim, a empresa avalia que o ambiente competitivo segue intenso, principalmente devido à entrada de novas capacidades produtivas no setor.

Um exemplo dessa expansão foi a entrada em operação da fábrica Piracicaba II, da Klabin, em abril de 2024. A unidade recebeu investimentos de R$ 1,56 bilhão e atualmente opera com 63% de sua capacidade total, produzindo cerca de 22 mil metros quadrados de papelão ondulado por mês. A expectativa é de que atinja a capacidade plena de 35 mil metros quadrados até outubro deste ano.

Durante a cerimônia de inauguração da unidade, realizada em 27 de março, o diretor de embalagens da Klabin, Douglas Dalmasi, confirmou a continuidade dos reajustes. “A companhia vem implementando reajustes desde o ano ado e esse movimento deve continuar ao longo de 2025”, afirmou.

No último trimestre de 2024, o segmento de embalagens da Klabin registrou crescimento de 14% na receita líquida, impulsionado pela demanda aquecida e pelos ajustes de preços realizados no período.

Por outro lado, há quem avalie que o espaço para novos aumentos está se esgotando. Eduardo Mazurkyewistz, CEO do Grupo Mazurky — empresa especializada em embalagens de papelão ondulado com sede no ABC Paulista — demonstrou ceticismo quanto à continuidade desse movimento. “Tiveram empresas de papelão reciclado que fizeram aumentos de 25% no ano ado. Não tem justificativa para esse movimento no primeiro semestre”, disse. Para ele, as companhias estão baseando suas decisões em uma demanda projetada que pode não se confirmar.

Apesar do bom início de ano, os dados preliminares da Empapel apontam para uma leve retração no desempenho do setor em fevereiro. O Índice Brasileiro de Papelão Ondulado (IBPO) registrou queda de 1,57% na comparação anual, atingindo 143,96 pontos. Em termos de volume, a expedição de caixas, chapas e órios de papelão ondulado totalizou 323,2 mil toneladas, número 3,52% inferior ao registrado em janeiro.

Fonte
Valor Econômico
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