Setor de papelão ondulado revê projeções para 2025 em meio a cenário econômico mais cauteloso 1n3n1k
Alta da inflação e dos juros levaram instituições a ajustarem estimativas de crescimento; ainda assim, demanda por produtos essenciais e exportações sustentam perspectiva positiva para o setor 5e6b42

Diante de um contexto macroeconômico mais desafiador, as estimativas de crescimento para o setor de papelão ondulado em 2025 foram ajustadas para baixo por instituições que acompanham a indústria. A combinação entre inflação em alta, especialmente no segmento de alimentos, e taxas de juros elevadas levou a uma postura mais cautelosa por parte do mercado. y5z6g
A nova projeção do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV/Ibre), elaborada em parceria com a Associação Brasileira de Embalagens em Papel (Empapel), aponta para um avanço em torno de 2% neste ano. O limite superior da estimativa é de 3,6%, abaixo dos 4,5% que eram previstos anteriormente. A consultoria Fastmarkets também revisou sua previsão, agora em 2,6%, contra cerca de 4% nas análises anteriores.
Apesar da revisão, o presidente-executivo da Empapel, embaixador José Carlos da Fonseca, destacou que o desempenho do setor em 2024 estabeleceu uma base elevada de comparação. “É fundamental ter isso em mente, pois as estimativas de crescimento anual são baseadas na comparação com o ano anterior e, neste caso, trata-se de uma régua muito alta”, afirmou.
Segundo Fonseca, o crescimento de 5% na expedição de caixas e órios de papelão ondulado registrado em 2024 foi impulsionado por diversos fatores. Entre eles, o baixo índice de desemprego, o aumento da renda dos trabalhadores, a melhora na confiança do consumidor e os programas de transferência de renda. “Levando em conta que o ano ado foi recorde, estamos falando de mais um ano que pode ser muito forte”, avaliou.
Ainda que os fundamentos de longo prazo não tenham se alterado substancialmente, a pressão inflacionária sobre os alimentos e a manutenção de juros elevados influenciam negativamente as projeções para o desempenho da economia nos próximos meses. Mesmo assim, o economista da Fastmarkets e professor na Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (Fecap), Rafael Barišauskas, observou que a maior parte do consumo de papelão ondulado está ligada a bens de necessidade básica, o que garante certa estabilidade. “Talvez haja alguma restrição de consumo, mas esses segmentos representam muito mais da metade do volume e são resilientes”, afirmou.
Além da demanda doméstica, o setor também se beneficia das exportações. Parte significativa das embalagens produzidas no país é destinada ao comércio internacional. Um exemplo é o crescimento nas vendas externas de carne de frango, que atingiram 1,387 milhão de toneladas no primeiro trimestre de 2025, alta de 13,7% em relação ao mesmo período do ano anterior, conforme dados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).
Quanto aos preços, Barišauskas acredita que ainda há espaço para reajustes. “A desaceleração econômica é um risco, mas fatores estruturais como câmbio desvalorizado, inflação subindo e resiliência dos principais setores motivam reajustes de preço”, concluiu.